um eremita moderno

Um pouco de tudo e muito de cada pouco

Por que trocar uma viagem de turismo por um intercâmbio de trabalho voluntário?

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Quando se quer conhecer de verdade a cultura de um país uma viagem turística não é o suficiente. Aqueles 15 dias nos limitam àquela bolha onde tudo é bonito e perfeito. Bom mesmo é morar na casa dos nativos, aprender sobre a cultura, economia, política, culinária, música, ir aos picos que só quem mora no país conhece…

Sou apaixonada pela ideia de “não apenas passar por um lugar”, poder promover o desenvolvimento social, ajudar com o pouco que sei e em troca aprender. Já tenho um pouco de experiência com trabalho voluntário e te garanto que não tem nada mais gratificante que um sorriso em agradecimento a algo que você fez (que não necessariamente foi algo grandioso, às vezes, pequenas atitudes fazem mais diferença do que grandes feitos).

Optei pela AIESEC por ser apolítica, sem fins lucrativos e gerida por jovens estudantes e recém-formados.

Eu poderia escolher qualquer país, mas como não tenho fluência no inglês fiquei com receio que isso atrapalhasse minha experiência. Por isso, decidi escolher algum país da América Latina que o idioma oficial fosse o espanhol. Pesquisei um pouco sobre absolutamente todos, cogitei ir para: Peru, Colômbia, Nicarágua… Mas, como acadêmica de Gestão Ambiental o coração bateu mais forte pela Costa Rica. Com 5% da biodiversidade mundial, banhada pelo mar do Caribe a leste, oceano Pacífico a oeste, permitindo a prática de todos os esportes radicais imagináveis, com vulcões…

De primeira encontrei o projeto perfeito, World Town Keepers, era socioambiental e realizado em várias partes da CR. Enviei minha carta de apresentação, entretanto o projeto não tinha mais vagas ;/ Meu aprendizado começou aí, lição 1: Aceitar que eu não poderia participar do projeto perfeito. Queria tanto ir à CR que devo ter enviado mensagem para todos os comitês do país, perguntando se haveria outros projetos socioambientais (persistência é essencial para conquistar um objetivo). Isso aconteceu em janeiro/13, o ano foi passando… Enviei algumas cartas de apresentação para o México, Colômbia, Panamá, só que nenhuma vaga me empolgava tanto quanto a da CR. Em setembro, abriu o processo seletivo para o WTK 2014 🙂 Logo depois, descobri que não poderia participar porque seria realizado em novembro :/ Me disseram para não desanimar, e participar de um projeto ambiental no final de dezembro. OKKKKKK, né?! Era o que tinha! Enviei minha carta de apresentação e marquei a entrevista por skype. Entretanto, para minha alegria, um dia antes da entrevista a responsável pelo WTK me avisou que havia mudado a data do projeto para janeiro. AGORAAA, VAAI! Finalmente, iria participar do projeto que me apaixonei. Momento filosófico: Não desista dos seus objetivos, as coisas não costumam acontecer da maneira que queremos/planejamos, mas se formos persistentes, e não perdermos o foco, podemos conquistar qualquer coisa.

Embarquei no dia 08/01/14, a partir daí seriam 2 meses fora da minha zona de conforto, com pessoas totalmente diferentes de mim.

No início fiquei frustrada pois meu projeto havia sido modificado (parecia outro), me parecia que a questão social tinha sido deletada. Isso ocasionou algumas discussões e até cogitei sair do WTK. KEEP CALM SE ISSO ACONTECER COM VOCÊ! Eu esperei tanto pelo projeto e criei tantas expectativas que fiquei chateada com as mudanças. Lição 2: Nem tudo é como eu quero ou imaginei que seria. Respirei fundo e aprendi a ser mais flexível!

Éramos 10 intercambistas, de  6 países. A convivência se dividia entre um BBB e UFC. Na primeira semana todo mundo se amava, na sequência descobrimos com quem tínhamos mais afinidade, aí chegou o momento UFC em que a casa caia, depois todo mundo se amava e assim a vida seguia. Passávamos horas conversando sobre nossas diferenças culturais e até tivemos aulas de alemão com uma intercambista Búlgara.

Resumidamente trabalhei: Em horta mandala, fertilizando solo de maneira agroecológica, em um mariposário, manutenção de trilhas, tirando lixo da praia, em tanques de tilápias e limpando rio. Aprendemos até a rebocar paredes hahaha eu e as gurias trabalhávamos como homens! Carregando sacos de areia, pedras e cavando buracos gigantes. Nada era impossível para nós!

Ao final de um dia cansativo de trabalho, o meu salário era poder admirar um pôr do sol indescritivelmente esplêndido, deitar na grama e ficar observando um céu absurdamente estrelado ou receber um simples sorriso.

Tive uma experiência de vida! Deixei um pedacinho do meu coração na Costa Rica, junto com os amigos, irmãos e a família que ganhei.
Realmente mudei minha percepção sobre muitas coisas da vida. Hoje, me dou conta de quanto tempo perdia com coisas desnecessárias. Percebi que estava preocupada em viver como a sociedade me ensinou que era “certo”. Sair do colégio aos 17, passar no vestibular, me formar aos 21, conquistar a independência financeira, casar e ter filhos. Joguei todas essas crenças loucas no lixo. Há alguns meses tava preocupada em me formar e passar em algum concurso. Hoje, minha prioridade é juntar uma grana e no início de 2015 mochilar por 6 meses pela América do Sul. Nessa horas viajantes podem ser comparados aos músicos, sempre somos julgados como pessoas malucas que não querem fazer nada da vida, desocupados… Prefiro ser maluca, pelo mundo, a bem-sucedida trancada em um escritório.

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